Tombada pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em 25 de novembro de 1969.
Historicamente, a cidade de Matias Barbosa originou-se como paragem às margens do Caminho Novo, construído no inicio do século XVIII. Essas paragens utilizadas para trocas de animais, descanso e pernoite de tropeiros que faziam o transporte de mercadorias do centro de Minas para o litoral, tinham também a função de fornecer provisões para esses transeuntes. Nessa região, as propriedades que eram apossadas iniciaram como roças e ranchos que mais tarde dariam lugar a fazendas, das quais surgiram núcleos de povoação. Uma dessas fazendas, a Fazenda Nossa Senhora da Conceição, situada ás margens do rio Paraibuna, onde mais tarde daria lugar ao “Registro de Matias Barbosa” foi o principal ponto de partida nesse processo de povoação do lugar.
A capela Nossa Senhora da Conceição do Registro do Caminho Novo,é um marco das edificações coloniais. Fachada simples com cruz no vértice da empena de telha. Triangulação de duas janelas e uma porta única,com vergas de bico. Embora a ausência da torre única isolada da fachada,essa capela é um exemplo de edificação da primeira fase do Barroco Mineiro. Em seu interior retábulo simples,pintado onde se encontra uma imagem de Nossa Senhora da Conceição doado pela Princesa Isabel, além das imagens de Nossa Senhora do Carmo e Nossa Senhora do Rosário. Registra-se também a existência nas imediações da Capela,túneis subterrâneos que ligavam diversas edificações,inclusive a Capela à Fazenda N. S .da Conceição. Essas construções são de grande interesse arqueológico e histórico. Entretanto,convém esclarecer que a primitiva padroeira da capela foi Nossa Senhora da Conceição, somente mais tarde, tendo a freguesia a mesma padroeira, que também passou a ser a da Igreja Matriz,a capela ficou sob a proteção da Virgem do Rosário.
À frente da praça forma-se o adro da Capela, revestido com pedras de formatos irregulares, e cercado por correntes entre mochos de concreto, que durante as comemorações dos 300 anos do termo de doação da Sesmaria ao Mathias Barboza da Silva foi erigida um marco comemorativo, um relógio de sol equatorial em pedra sabão, estilo século XVIII(réplica) e na Avenida Cardoso Saraiva ao lado da escadaria de acesso ao Capela foi erigido o segundo marco comemorativo um Chafariz em Pedra Sabão estilo século XVIII (réplica) seguindo os trabalhos de mestre Aleijadinho.
Uma construção de grande importância a nível regional e nacional, também se encontra situada no entorno da Capela. Túneis, com dimensão de uma pessoa percorrem o subsolo desde a parte anterior, na lateral direta da escadaria de acesso à Praça do Rosário, percorrendo em caminhos sinuosos, com esconderijos e entradas sem saída, até o subterrâneo da Capela, onde, na lateral direta da nave, há um alçapão que comunica com um dos túneis.
Atrás do pequeno templo havia um cemitério em ruína. Entretanto, no ano de 1929, os restos mortais que nele jaziam foram piedosamente recolhidos pelo Sr. Flaviano Valadares e novamente inumados no cemitério municipal.
Em 1942,o vigário, padre Francisco Tavares, auxiliado por pessoas amigas da tradição, angariou recursos para a restauração da capela, sendo-lhe restituído o primitivo estilo arquitetônico.
O tombamento se fez graças à oportuna iniciativa do Dr. João Batista Garcia Neto, advogado nos auditórios da comarca.
A edificação religiosa é um típico exemplar rural da primeira fase do Barroco Mineiro. Construída em meados do século XVIII, possui fachada simples com triangulação de duas janelas e portada central, vãos com vergas em arco abatido, telhado de duas águas com telhas de barro capa e bica.
Possui simetria e encontra-se implantada em terreno em aclive, acima do nível do adro por cinco degraus cimentados. Seu partido é retangular na nave, e na direção do altar-mor estende-se para as laterais,em cômodos para abrigar a sacristia e santíssimo. O acesso principal ao seu interior é feito através da portada do frontispício, e há ainda dois acessos secundários por portas laterais da sacristia e do santíssimo.
Sua estrutura é mista de tijolos maciços e vigas de madeira sobre base de pedra. Sua cobertura faz-se em duas águas com cumeeira central, sendo rebaixado no altar e independente nas laterais deste. Os seus beiras são forrados com madeira.
O frontispício é composto pela portada central com soleira de pedra e vedação de duas folhas de madeira almofadada, e as duas janelas laterais de altas e estreitas vedadas por guilhotina de caixilhos quadrangulares de madeira com vidro liso, todos os vãos enquadrados com madeira. Acima das janelas, uma cimalha de madeira na linha do telhado e sobre ela a empena possui óculo central quadrilobado estendido na direção vertical com vedação em vidro colorido. Uma cruz de ferro arremata a parte superior do frontispício.
As fachadas laterais da edificação são iguais entre si, contando cada uma,na direção da nave com dois óculos como o do frontispício e uma pequena janela entre eles,esta com verga reta,enquadramento em madeira e vedação em uma folha de abrir,de caixilhos de madeira com vidro liso. Os cômodos laterais ao altar-mor possui, na frente porta lisa de madeira de duas folhas, e nas laterais uma janela de verga reta,com enquadramento em madeira e vedação em guilhotina de caixilhos de madeira com vidro liso. A fachada posterior é cega.
Seu espaço interno é pequeno e simples, e define-se por nave única, arco-cruzeiro com enquadramento em madeira que separa a nave do altar-mor, com guarda-corpo em balaustrada de madeira. O piso, todo em assoalho de tábuas de madeira larga, possui degrau em toda a extensão antes do arco-cruzeiro, com respiros na forma de cruz, e se estende neste nível até o altar, onde se chega através de outros três degraus, na porção central do altar. O forro em madeira segue a inclinação do telhado, sendo reto na parte central, formando um volume trapezoidal, e as vigas de madeira ficam aparentes sob ele.
O altar possui retábulo em madeira, com pinturas, trono central que recebe a imagem de Nossa Senhora da Conceição e consoles laterais com outras imagens sacras de Nossa Senhora do Carmo e Nossa Senhora do Rosário.
Os cômodos laterais da sacristia possuem piso revestido com cerâmica rústica. As paredes de toda a Capela, tanto interna como externamente são revestidas com emboço e reboco e pintadas com tinta látex branca, e as esquadrias com tinta óleo na cor azul, seguindo os tons originais da edificação.
Ao visitar o Espaço Século XVIII que compreende a Capela Nossa Senhora do Rosário, placa comemorativa do bicentenário de execução de Tiradentes, o Relógio de Sol e Chafariz ambos em Pedra Sabão, os túneis misteriosos (interditados) e o Painel de Azulejo Colorido “Jornada dos Mártires” podemos contemplar nossa mineiridade e nossa história, levando nos a uma grande reflexão sobre o Caminho Novo em Matias Barbosa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Dê sua opinião sobre a matéria.