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domingo, 12 de fevereiro de 2012

Livreto on line Gratuito

O setor da Educação Patrimonial, Departamento de Cultura e a Chefia da Tecnologia da Informação da Prefeitura Municipal de Matias Barbosa lançaram on line o livreto do Primeiro Guia dos bens tombados do Municipio de Matias Barbosa pelo site www.matiasbarbosa.mg.gov.br onde todos poderão fazer o download.
Prefácio
Inicio este Prefácio através de uma breve explicação do que vem a ser Patrimônio Cultural. Ao longo da história muito se discutiu sobre o que seria patrimônio, o que contribuiu para muitas mudanças em seu conceito. A preocupação com o Patrimônio remonta do final do século XVIII, com a Revolução Francesa criou-se uma sensibilização para os monumentos que representavam feitos do passado “a partir de então as primeiras ações políticas para a conservação dos bens que denotassem o poder, a grandeza da nação que os portava, entre as quais uma administração encarregada de elaborar os instrumentos jurídicos e técnicos para a salvaguarda, assim como procedimentos técnicos necessários para a conservação e o restauro de monumentos”¹ começaram a acontecer, e essa ideia foi se espalhando para o resto do mundo.
 Desse modo, Patrimônio era entendido como grandes monumentos artísticos do passado, assim eram classificados por critérios estéticos ou históricos que tinham importância para revelar o desenvolvimento da arte e da história². Neste momento eram considerados apenas os bens imóveis e geralmente referentes a monumentos e construções utilizados pela elite da época. Mais tarde, já no início do século XIX, com a mudança na concepção de fontes históricas e na própria ideia de novos personagens na história esse conceito mudou, e hoje se fala em Patrimônio Cultural. O que passa a ser compreendido como toda produção cultural de um povo que explique a sua história, que mostre a formação da sua identidade, ou seja, sua singularidade, aquilo que os diferencia dos demais, que contribui para a preservação de sua memória, são atualmente definidos como Patrimônio Cultural. Essa categoria se divide em Patrimônio formado por Bens Materiais e Imateriais. Sendo os primeiros subdivididos em bens imóveis como os núcleos urbanos, sítios arqueológicos e paisagísticos e bens individuais; e móveis como coleções arqueológicas, acervos museológicos, documentais, bibliográficos, arquivísticos, videográficos, fotográficos e cinematográficos.”³ Já o segundo, os  Bens imateriais são designados pela UNESCO como "as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas - junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados - que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural”.[i]
O Patrimônio é de todos, pois ele guarda as memórias de nossos antepassados, e por isso é direito dos cidadãos conhecê-lo. Cuidar de nossos bens tombados é uma atitude de ética e cidadania e é o que a Educação Patrimonial vem trabalhar. Este livro é uma contribuição a mais para o desenvolvimento deste projeto, para que o mesmo possa ser desenvolvido da melhor maneira possível rendendo frutos tanto para o presente quanto para o futuro. O Projeto de Educação Patrimonial, realizado nas escolas de nosso município através do Departamento Municipal de Cultura e Turismo, de acordo com a Deliberação Normativa nº 001/2009 do Conselho Estadual do Patrimônio Cultural de Minas Gerais que dispõe sobre a execução de projetos de Educação Patrimonial; tem como objetivo educar nossas crianças e adolescentes a fim de que estes conhecendo nosso patrimônio se tornem protetores dos mesmos e ainda  adultos conscientes de sua própria história e identidade.
Mediante essas ideais destaco a importância desta obra, que contribuirá com muita eficácia para o conhecimento não só de nossos alunos como também de toda comunidade matiense sobre a história de Matias Barbosa e de seus Bens Tombados. A história de nosso município é tão rica e merece ser conhecida. Aprender sobre o passado é fundamental para entendermos o presente. E é com essa preocupação que o historiador Ricardo Sartine Fernandes de Oliveira escreveu o “Primeiro Guia de Bolso dos Bens Tombados de Matias Barbosa/MG”, o qual contribuirá com a divulgação das informações tão necessárias para o conhecimento de nossa história, e a preservação de nossa memória essencial para mantermos nossa identidade.
 Nossos alunos e toda a comunidade conhecendo melhor nossos bens tombados e um pouco da história de cada um deles, tenho certeza cuidará da sua preservação, já que só respeitamos e preservamos aquilo que conhecemos. Este livro também vem satisfazer a expectativa de muitos professores de nosso município que sentiam falta de uma fonte mais consistente de pesquisa para suas aulas de História. Falo isso porque também sou professora da rede municipal e venho há muito escutando essas reinvindicações.
Neste guia estão dispostos os bens materiais imóveis tombados do município de Matias Barbosa, os quais fazem parte de nosso cotidiano. Todos os dias percorremos as ruas de nossa cidade, passamos perto desses bens e muitas vezes não percebemos que eles também estiveram presentes na vida de outras pessoas que aqui viveram, que anteriormente foram protagonistas da história de nossa cidade.
Primeiramente o livro traz um breve histórico sobre a 1ª Sesmaria de Mathias Barboza da Silva, que séculos depois se tornaria a cidade de Matias Barbosa. Em seguida, inicia-se a descrição dos Bens Materiais tombados para a preservação da história e da memória de nossa gente. Os quais são dispostos nesta obra por ordem cronológica de tombamento. O primeiro é a Capela Fazenda de Nossa Senhora da Conceição do Registro do Caminho Novo, atual Capela de Nossa Senhora do Rosário, Patrimônio Nacional por se tratar de uma construção do século XVIII, e tombada pelo Instituto do Patrimônio Hsitórico e Artístico Nacional, importante não só para a história local, quanto para retratar parte do período colonial brasileiro.
Quem nunca criou fantasias a cerca dos túneis da Capela do Rosário? Essa construção tão admirada pelo nosso povo, a qual se tornou referência de Patrimônio em nossa cidade já que faz referência ao período da mineração colonial, período tão importante para entendermos a formação e o povoamento de nosso estado e de nossa terra.
Posteriormente vem o prédio da Prefeitura Municipal, com suas belas características da arte neoclássica. Em seguida os Túmulos do Cônego Joaquim Inácio Valadares Monteiro, do Dr. Eloy de Andrade e do Sr. José Cardoso Saraiva, acompanhados pelo Cemitério Municipal de Matias Barbosa, Capela Mortuária e Portal Principal, mostrando que a arte tumular também pode se tornar um bem material devido guardar o repouso daqueles que foram personagens tão importantes para a história de nosso município.
Logo após está a Ponte da Liberdade conhecida como “Ponte do Arco”, construção centenária que nos faz relembrar bons tempos, aqueles marcados pelas ferrovias! O Busto de Getúlio Vargas, como homenagem dos matienses getulistas para este estadista; a Sede do Prédio da Cemig, que representava a modernidade da luz elétrica; o Prédio do Grupo Escolar, atual Escola Estadual Cônego Joaquim Monteiro, que foi um marco para a educação da cidade; Prédio da Cadeia Pública (Quartel e Cadeia) que há tanto estava esquecido aos nossos olhos; assim como o belo Painel de Azulejo “Evolução dos Transportes”, que tanto tempo se escondeu naquele cantinho da Praça Peter Birkeland. E ainda monumentos comemorativos, como o Relógio de Sol em pedra Sabão e o Chafariz em Pedra Sabão (ambas as réplicas do século XVIII).
Saber qual era a finalidade de cada bem no passado também é importante, espaços e monumentos feitos para orar, ligar um lugar ao outo, administrar, homenagear pessoas importantes, educar, modernizar, festejar entre outros. Tudo isso poderá ser discutido e aproveitado a partir deste guia para tornar as aulas de História Local mais próxima e significativa para o aluno.
Portanto, a ser convidada a escrever este prefácio fiquei muito feliz em dar uma humilde colaboração para esta obra. Pois como educadora que sou, acredito que somente a educação tem o poder de transformar. Através do conhecimento nos tornamos mais livres, para pensar, criticar com argumentos coerentes, analisar situações, saber ler nas “entrelinhas” e buscarmos a nossa verdade. Contudo, nossas crianças precisam desenvolver essas habilidades e a educação e a cultura é o único caminho para torná-las agentes de transformação, adultos conscientes de sua história, orgulhosos de seu passado, caracterizados por sua própria identidade e com memória viva para se construir um futuro melhor. Em suma, este livro tem como objetivo principal transformar todos nós matienses em guardiões de nossos bens tombados, tão ricos em história, tão importantes para nos reconhecermos como “filhos” de Matias Barbosa.
Bons estudos!
Boa leitura!

Carla Aparecida da Silva Fernandes de Oliveira
Graduada em História (UFJF)
Especialista em Ciências Humanas: Brasil Estado e Sociedade (UFJF), Professora de História na Educação Básica e Professora dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, Membro e Secretária do Conselho Municipal de Cultura de Matias Barbosa.




sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

1ª SESMARIA DE MATHIAS BARBOZA DA SILVA, HOJE MUNICÍPIO DE MATIAS BARBOSA





Breve Histórico

O município de Matias Barbosa originou-se de “uma sesmaria de uma légua de testada por três de sertão, às margens do rio Paraibuna, entre as roças de Simão Pereira e Antônio de Araújo, concedida a Mathias Barboza da Silva em 1709”. Esta sesmaria é considerada uma das mais antigas da Zona da Mata Mineira e sua criação coincide com o mesmo ano da abertura oficial do Caminho Novo, considerado mais curto, porém menos frequentado por ser muito escabroso e deserto, mas aos poucos o fluxo das tropas foi aumentando. O Registro de Matias Barbosa foi o centro de convergência de toda a atividade do Caminho Novo, era uma barreira onde se pagavam direitos sobre o ouro e os diamantes vindos da região mineradora, consta que enormes quantidades desses preciosos minerais passavam por esse lugar.
Com a morte de Mathias Barboza da Silva, sua sesmaria foi vendida ao Coronel Manuel do Valle Amado, em meados do século XVIII, na Fazenda de Nossa Senhora da Conceição do Registro do Caminho Novo. Neste local foi erigido o Registro de Matias Barbosa que se tornou o mais complexo e exigente da região, uma verdadeira alfândega, que controlava a passagem dos tropeiros, forasteiros e outras pessoas, além da circulação de mercadorias e o pagamento dos diversos impostos à Coroa Portuguesa. O Coronel Manuel do Valle Amado foi também comandante da Patrulha do Caminho Novo da Estrada Real e chefe do Alferes Joaquim José da Silva Xavier – o Tiradentes.
A Capela de Nossa Senhora do Registro do Caminho Novo (Patrimônio Histórico Nacional), atualmente Capela do Rosário, tornou-se referência para os viajantes, em seu interior existe um alçapão que dá acesso a um túnel misterioso do qual não se sabe ao certo sua origem. Um pouco fora da rota dos marcos, mas na mesma região do Vale do rio Paraibuna, é possível encontrar a trilha que vinha da Fazenda do Marmelo, em Juiz de Fora, que contornava o Morro do Marmelo e o Morro dos Arrependidos (outro mistério envolvido no Caminho Novo), duas referências naturais.
Com a independência do Brasil, em 1822, o Registro passou a funcionar como Alfândega e, em seu entorno, desenvolveu-se um pequeno arraial. Porém, a ocupação da antiga sesmaria de Mathias Barboza ocorreu a partir de meados do século XIX em diante, com o advento da lavoura cafeeira. Nesta época, chegaram os imigrantes, em grande parte italianos que se somaram aos negros, formando, assim, uma comunidade singular de grande manifestação cultural.
O povoado viu de perto a construção da primeira estrada macadamizada da América do Sul, a União & Indústria, sendo que em Matias Barbosa havia uma Estação onde se trocavam os animais das diligências e carroças. Tais diligências, conhecidas como MAZEPA, conduziam quatorze passageiros, acrescidos do cocheiro e do condutor, e eram puxadas por quatro mulas. De Matias Barbosa, a caminho de Juiz de Fora, atravessava-se uma pequena ponte de madeira sobre o rio Paraibuna, chamada de Zamba.
O povoado cresceu e já era vila quando, no ano de 1875, chegaram os primeiros trilhos da Estrada de Ferro D. Pedro II. Por conseguinte, o núcleo urbano se alterou, passando a se fixar próximo à Estação, local onde, pouco depois, no sentido Juiz de Fora, encontra-se a “Ponte do Arco”, representante de uma engenharia arrojada de outros tempos, com a forma de um arco. Sua edificação em pedra nos permite contemplar a beleza de tal construção em prol do progresso, enquanto na parte inferior passa uma estrada e um riacho, na parte de cima os trilhos cortam a paisagem.
Os atrativos de Matias Barbosa começam já no marco zero deste trecho. Na estrada de terra Juiz de Fora – Caeté – Matias, seguindo pelo acesso à esquerda, encontra-se a Fazenda Belmonte, uma antiga fazenda de café de 1877, que pertenceu ao Conde de Cedofeita. Na área urbana, encontra-se a antiga sede da Fazenda do Monte Alegre, construída entre 1838 e 1840. Atualmente, no entanto, existe apenas parte do que foi a sede da fazenda.
Logo após a Proclamação da República, em 1889, foi construído o cemitério municipal (Tombamento Municipal como Conjunto paisagístico), que data de 1892, onde se pode observar a arte tumular nas lápides centenárias, como o túmulo do Cônego Joaquim Monteiro que, ressaltando-se, foi responsável por mudanças substancias na vila de Mathias Barbosa.
O núcleo histórico urbano é composto pelos prédios da antiga Estação da Estrada União & Indústria, que foi transformada em Estação Ferroviária da Estrada de Ferro Dom Pedro II e mais tarde Estrada de Ferro Central do Brasil, atual Estação transformou-se em Centro Cultural, a instalação da Biblioteca Municipal, do Departamento de Cultura e Turismo, do Cine-Estação que promove oficinas de cinema e da Corporação Musical Matias Barbosa, onde são ministradas aulas de música.
Ao lado do prédio da Estação pode-se visitar a casa de Artesanato Caminho Novo, defronte se pode apreciar a belíssima fachada quase centenária do Grupo Escolar, hoje denominada Escola Estadual Cônego Joaquim Monteiro, ao lado, o prédio do antigo Laboratório de Biologia Veterinária, primeiro da América do Sul, mas que se encontra atualmente desativado, além do prédio da secção gráfica que por muito tempo produziu o maior jornal de circulação da cidade, o Correio de Mathias.
Na Rua Eloy de Andrade pode-se observar outra construção, a antiga sede da Companhia Mineira de Eletricidade, pertencente à CEMIG, cujos serviços foram primordiais para o desenvolvimento da Vila de Matias Barbosa, pois prestava serviços de transmissão de energia elétrica e telefonia.
Caminhando pelo centro da cidade encontra-se a arquitetura do Paço Municipal, erigido pela construtora Pantaleone Arcuri, que apresenta formas ecléticas e que, em 2009, completa 80 anos, tendo sido já tombado como Patrimônio Municipal. Logo após avista-se a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, construção centenária, com seu teto pintado por Ângelo Biggi, além dos vitrais doados por Bernardo Mascarenhas e sua esposa.
Na Praça Peter Birkeland encontra-se o belíssimo Painel de Azulejos, cujo tema é a evolução dos transportes em Matias Barbosa, mas que, ao mesmo tempo, se mistura com a história da evolução dos transportes no Brasil. A cidade foi protagonista das maiores transformações nos meios de transportes terrestres do Brasil. No painel aparece a representação da Carruagem Mazzepa na Estrada União & Indústria, e a “Maria Fumaça” atravessando o pontilhão de ferro da Estrada de Ferro D. Pedro II, em Matias Barbosa. No painel está representada ainda a passagem por Matias Barbosa de dois sportmen, homens aventureiros que utilizavam automóveis do início do século XX e viajavam pelas trilhas de antigas estradas, um caso real de duas pessoas que saíram de Petrópolis em direção a Juiz de Fora. Por fim, temos no painel a representação dos transportes rodoviários de passageiros na estrada BR-3.
Além disso, no centro da cidade, está aquele que talvez seja o atrativo mais importante de Matias Barbosa, a Capela do Rosário, a antiga Capela de Nossa Senhora da Conceição do Caminho Novo. Construída no século XVIII, a capela está retratada na tela “A Jornada dos Mártires”, de Antônio Parreiras, no Museu Mariano Procópio de Juiz de Fora, que ilustra a passagem dos inconfidentes pela região, rumo ao Rio de Janeiro, onde seriam julgados e condenados.
Em direção a Cotegipe, pela Estrada União & Indústria, no término do trecho do Caminho Novo em Matias Barbosa, encontra-se a Fazenda Soledade, uma das primeiras fazendas a plantar café no Brasil e que pertenceu ao Barão de Bertioga.
Ao longo de 2009 se comemorou os 300 anos do termo de doação da sesmaria ao fidalgo português Mathias Barboza da Silva, ocorrendo a instalação de dois marcos comemorativos, o primeiro, no adro da Capela do Rosário, de uma magnífica réplica de relógio de sol em pedra sabão muito utilizado pelos tropeiros no século XVIII, e outro, de uma réplica de um chafariz em pedra sabão inspirado nas obras do período barroco do grande mestre Aleijadinho.
Destarte, essa pequena cidade do interior de Minas Gerais mostra seus encantos, traduzidos na beleza da paisagem montanhosa associada ao vale do Rio Paraibuna, na originalidade de um povo singular, nas suas manifestações culturais e, principalmente, nas pessoas que nela vivem, tornando esta cidade hospitaleira e apaixonante a todos aqueles que por ela passam, deixando-lhes lembranças que ficarão registradas para sempre na memória.


Conhecendo os Bens Tombados de Matias Barbosa/MG




Ano do Tombamento - 2006
Tombamento Municipal – Decreto nº 1.277 de 17 de março de 2006.

Edificação
Prefeitura Municipal de Matias Barbosa.

Localização
Avenida Cardoso Saraiva, 305.

Bairro
Centro.

Número de Pavimentos
Dois.
Custo da Construção
Indeterminado.

Período de Construção
1928 e 1929.

Técnico Responsável pela Construção
Indeterminado.

Histórico da Edificação
A edificação em estilo neoclássico, localizada à Avenida Cardoso Saraiva, nº 305, foi construída especialmente para abrigar a sede do recém emancipado município. O Projeto do imóvel que foi construído era de autoria do Presidente da Câmara e Agente do Executivo, que inaugurou o imóvel em 25 de junho de 1929, na presença do Governador do Estado Dr. Antônio Carlos Ribeiro de Andrada e sob as bênçãos de Dom Justino de Santana, bispo da Diocese de Juiz de Fora. Os trabalhos artísticos internos do prédio, como forro em madeira com gregas laterais foram executadas pela Construtora Pantaleoni Arcuri & Spinelli, de Juiz de Fora.
Descrição da Edificação
O imponente edifício foi construído em 1929 para abrigar a sede da Prefeitura Municipal, nos moldes neoclássicos típico das edificações oficiais do final do século XIX e início do XX. Sua fachada principal, sobrecarregada de elementos decorativos, possui simetria e equilíbrio, além de um sistema preciso de relações e proporções que lhe confere harmonia, sobriedade e ordem, aspectos igualmente relacionados ao poder público.

Técnicas Construtivas Predominantes
Seu sistema construtivo é uma estrutura auto-portante com robustos pilares e paredes de tijolos maciços, sua cobertura de quatro águas, com estrutura de madeira e telhas francesas, fica escondida nas fachadas por platibandas e balaustradas de massa na fachada principal, o que reafirma seu estilo neoclássico. As paredes são revestidas interna e externamente com reboco e pintadas com tinta látex, e a base alteada na fachada principal é revestida com pedras. As janelas e portas internas são pintadas com tinta a óleo e a porta principal é revestida somente com verniz.

Empresa Responsável
Construtora Pantaleone Arcuri.








Setor de Educação Patrimonial em Matias Barbosa lança Folhinha 2012 com tema Bens Tombados

Pela primeira vez no município, o setor de Educação Patrimonial em Matias Barbosa lança Folhinha 2012 com o tema Bens Tombados. As novidades da Folhinha 2012 é a valorização de todos os bens tombados e a divulgação do calendário oficial do município.
A Casa do Artesão Caminho Novo foi a primeira a receber a folhinha, além dos usuários da biblioteca. Os interessados em obter a Folhinha 2012 poderão retirar na Biblioteca Municipal Dona Glorita Dona, ressaltando que distribuição é gratuita e com edição limitada.

Coleção Eduardo Frieiro - Matias Barbosa

A Biblioteca Municipal Dona Glorita em Matias Barbosa iniciou a Campanha de doação para implantação da Coleção Eduardo Frieiro que irá reunir todas as obras de autores matiense ou aqueles que adotaram a cidade para viver.
Toda comunidade poderá doar ao acervo: livros, jornais, revistas, publicações e estudos, que tem por tema a história e quaisquer outros aspectos que tratem e ou representem a cultura do município de Matias Barbosa, estado de Minas Gerais.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Capela de Nossa Senhora da Conceição do Registro do Caminho Novo, atualmente Capela de Nossa Senhora do Rosário.







Tombada pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em 25 de novembro de 1969.
Historicamente, a cidade de Matias Barbosa originou-se como paragem às margens do Caminho Novo, construído no inicio do século XVIII. Essas paragens utilizadas para trocas de animais, descanso e pernoite de tropeiros que faziam o transporte de mercadorias do centro de Minas para o litoral, tinham também a função de fornecer provisões para esses transeuntes. Nessa região, as propriedades que eram apossadas iniciaram como roças e ranchos que mais tarde dariam lugar a fazendas, das quais surgiram núcleos de povoação. Uma dessas fazendas, a Fazenda Nossa Senhora da Conceição, situada ás margens do rio Paraibuna, onde mais tarde daria lugar ao “Registro de Matias Barbosa” foi o principal ponto de partida nesse processo de povoação do lugar.
A capela Nossa Senhora da Conceição do Registro do Caminho Novo,é um marco das edificações coloniais. Fachada simples com cruz no vértice da empena de telha. Triangulação de duas janelas e uma porta única,com vergas de bico. Embora a ausência da torre única isolada da fachada,essa capela é um exemplo de edificação da primeira fase do Barroco Mineiro. Em seu interior retábulo simples,pintado onde se encontra uma imagem de Nossa Senhora da Conceição doado pela Princesa Isabel, além das imagens de Nossa Senhora do Carmo e Nossa Senhora do Rosário. Registra-se também a existência nas imediações da Capela,túneis subterrâneos que ligavam diversas edificações,inclusive a Capela à Fazenda N. S .da Conceição. Essas construções são de grande interesse arqueológico e histórico. Entretanto,convém esclarecer que a primitiva padroeira da capela foi Nossa Senhora da Conceição, somente mais tarde, tendo a freguesia a mesma padroeira, que também passou a ser a da Igreja Matriz,a capela ficou sob a proteção da Virgem do Rosário.
À frente da praça forma-se o adro da Capela, revestido com pedras de formatos irregulares, e cercado por correntes entre mochos de concreto, que durante as comemorações dos 300 anos do termo de doação da Sesmaria ao Mathias Barboza da Silva foi erigida um marco comemorativo, um relógio de sol equatorial em pedra sabão, estilo século XVIII(réplica) e na Avenida Cardoso Saraiva ao lado da escadaria de acesso ao Capela foi erigido o segundo marco comemorativo um Chafariz em Pedra Sabão estilo século XVIII (réplica) seguindo os trabalhos de mestre Aleijadinho.
Uma construção de grande importância a nível regional e nacional, também se encontra situada no entorno da Capela. Túneis, com dimensão de uma pessoa percorrem o subsolo desde a parte anterior, na lateral direta da escadaria de acesso à Praça do Rosário, percorrendo em caminhos sinuosos, com esconderijos e entradas sem saída, até o subterrâneo da Capela, onde, na lateral direta da nave, há um alçapão que comunica com um dos túneis.
Atrás do pequeno templo havia um cemitério em ruína. Entretanto, no ano de 1929, os restos mortais que nele jaziam foram piedosamente recolhidos pelo Sr. Flaviano Valadares e novamente inumados no cemitério municipal.
Em 1942,o vigário, padre Francisco Tavares, auxiliado por pessoas amigas da tradição, angariou recursos para a restauração da capela, sendo-lhe restituído o primitivo estilo arquitetônico.
O tombamento se fez graças à oportuna iniciativa do Dr. João Batista Garcia Neto, advogado nos auditórios da comarca.
A edificação religiosa é um típico exemplar rural da primeira fase do Barroco Mineiro. Construída em meados do século XVIII, possui fachada simples com triangulação de duas janelas e portada central, vãos com vergas em arco abatido, telhado de duas águas com telhas de barro capa e bica.
Possui simetria e encontra-se implantada em terreno em aclive, acima do nível do adro por cinco degraus cimentados. Seu partido é retangular na nave, e na direção do altar-mor estende-se para as laterais,em cômodos para abrigar a sacristia e santíssimo. O acesso principal ao seu interior é feito através da portada do frontispício, e há ainda dois acessos secundários por portas laterais da sacristia e do santíssimo.
Sua estrutura é mista de tijolos maciços e vigas de madeira sobre base de pedra. Sua cobertura faz-se em duas águas com cumeeira central, sendo rebaixado no altar e independente nas laterais deste. Os seus beiras são forrados com madeira.
O frontispício é composto pela portada central com soleira de pedra e vedação de duas folhas de madeira almofadada, e as duas janelas laterais de altas e estreitas vedadas por guilhotina de caixilhos quadrangulares de madeira com vidro liso, todos os vãos enquadrados com madeira. Acima das janelas, uma cimalha de madeira na linha do telhado e sobre ela a empena possui óculo central quadrilobado estendido na direção vertical com vedação em vidro colorido. Uma cruz de ferro arremata a parte superior do frontispício.
As fachadas laterais da edificação são iguais entre si, contando cada uma,na direção da nave com dois óculos como o do frontispício e uma pequena janela entre eles,esta com verga reta,enquadramento em madeira e vedação em uma folha de abrir,de caixilhos de madeira com vidro liso. Os cômodos laterais ao altar-mor possui, na frente porta lisa de madeira de duas folhas, e nas laterais uma janela de verga reta,com enquadramento em madeira e vedação em guilhotina de caixilhos de madeira com vidro liso. A fachada posterior é cega.
Seu espaço interno é pequeno e simples, e define-se por nave única, arco-cruzeiro com enquadramento em madeira que separa a nave do altar-mor, com guarda-corpo em balaustrada de madeira. O piso, todo em assoalho de tábuas de madeira larga, possui degrau em toda a extensão antes do arco-cruzeiro, com respiros na forma de cruz, e se estende neste nível até o altar, onde se chega através de outros três degraus, na porção central do altar. O forro em madeira segue a inclinação do telhado, sendo reto na parte central, formando um volume trapezoidal, e as vigas de madeira ficam aparentes sob ele.
O altar possui retábulo em madeira, com pinturas, trono central que recebe a imagem de Nossa Senhora da Conceição e consoles laterais com outras imagens sacras de Nossa Senhora do Carmo e Nossa Senhora do Rosário.
Os cômodos laterais da sacristia possuem piso revestido com cerâmica rústica. As paredes de toda a Capela, tanto interna como externamente são revestidas com emboço e reboco e pintadas com tinta látex branca, e as esquadrias com tinta óleo na cor azul, seguindo os tons originais da edificação.
Ao visitar o Espaço Século XVIII que compreende a Capela Nossa Senhora do Rosário, placa comemorativa do bicentenário de execução de Tiradentes, o Relógio de Sol e Chafariz ambos em Pedra Sabão, os túneis misteriosos (interditados) e o Painel de Azulejo Colorido “Jornada dos Mártires” podemos contemplar nossa mineiridade e nossa história, levando nos a uma grande reflexão sobre o Caminho Novo em Matias Barbosa.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

4º Encontro de Folia de Reis de Matias Barbosa








4º Encontro de Folia de Reis de Matias Barbosa/MG
Tradição e Religiosidade no dia de Santo Reis


Folia de Reis é um festejo de origem portuguesa ligado às comemorações do culto católico do Natal, trazido para o Brasil ainda nos primórdios da formação da identidade cultural brasileira, e que ainda hoje mantém-se vivo nas manifestações folclóricas de muitas regiões do país.
Na tradição católica, a passagem bíblica em que Jesus foi visitado por reis magos, converteu-se na tradicional visitação feita pelos três "Reis Magos", denominados Melchior, Baltasar e Gaspar, os quais passaram a ser referenciados como santos a partir do século VIII(8).
Fixado o nascimento de Jesus Cristo a 25 de dezembro, adotou-se a data da visitação dos Reis Magos como sendo o dia 6 de janeiro que, em alguns países de origem latina, especialmente aqueles cuja cultura tem origem espanhola, passou a ser a mais importante data comemorativa católica, mais importante, inclusive, que o próprio Natal. Na tradição católica, a passagem bíblica em que Jesus foi visitado por reis magos, converteu-se na tradicional visitação feita pelos três "Reis Magos", denominados Melchior, Baltasar e Gaspar, os quais passaram a ser referenciados como santos a partir do século VIII.
Na cultura tradicional brasileira, os festejos de Natal eram comemorados por grupos que visitavam as casas tocando músicas alegres em louvor aos "Santos Reis" e ao nascimento de Cristo; essas manifestações festivas estendiam-se até a data consagrada aos Reis Magos. Trata-se de uma tradição originária de Portugal que ganhou força especialmente no século XIX e mantém-se viva em muitas regiões do país, sobretudo nas pequenas cidades dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Espírito Santo, Goiás, Rio de Janeiro, dentre outros.
Na cultura tradicional brasileira, os festejos de Natal eram comemorados por grupos que visitavam as casas tocando músicas alegres em louvor aos "Santos Reis" e ao nascimento de Cristo; essas manifestações festivas estendiam-se até a data consagrada aos Reis Magos. Trata-se de uma tradição originária de Portugal que ganhou força especialmente no século XIX e mantém-se viva em muitas regiões do país, sobretudo nas pequenas cidades dos estados de Minas Gerais, Bahia, Espírito Santo, Goiás, Rio de Janeiro, dentre outros.
Em Minas Gerais um grupo de Folia de Reis é composto da Bandeira ou Estandarte que é decorado com figuras alusivas ao menino Jesus, ou mesmo com palavras relativas à data. Outro componente importante é o Bastião que se veste de modo característico, mascarado e sempre porta uma espada, este tem a função de folião propriamente dito, levando alegria por onde a folia passa, e como que abrindo caminho para a passagem da Folia que de certa forma representa os próprios Reis Magos. O Bastião tem também a função de citar textos bíblicos e recitar poesias alusivas. Na sequência o grupo de vozes se organiza em Mestre, Ajudante, Contrato, Tipe, Retipe, Contratipe, Tala, ou Finório. Na verdade esses nomes se referem a uma organização das vozes em tons e contratons, durante a cantoria, o que leva a formação de um coro muito agradável aos ouvidos. O Mestre, por sua vez, tem papel especial de iniciar o canto, que é feito em versos e de improviso, agradecendo os donativos da casa visitada. Os outros componentes então repetem os versos, cada qual em sua voz, na cadência definida pelo Mestre, acompanhados pelos instrumentos que portam.
A 4º Edição do Encontro de Folias de Reis de Matias Barbosa que acontece na Praça Peter H. Birkeland sempre no dia de Santo Reis com a presença das Folias Cantinho do Céu e Estrela do Oriente com a participação de folias da Zona da Mata Mineira.  Foi neste dia que recebi uma singela homenagem das folias pelos trabalhos desenvolvidos em prol da conservação e manutenção das Folias de Reis em Matias Barbosa, que nunca na história desta cidade foi feita desta forma.
            As Folias de Reis de Matias Barbosa são bens culturais imateriais com a fundamentação de base religiosa e cultural que se remonta das antigas tradições das festividades que complementa os ritos natalinos, sendo que no dia seis de janeiro os foliões retornam ao ponto de partida e termina a Folia com uma festa de encerramento homenageando a visita dos reis ao menino Jesus. É muito difundido em todo o Brasil, em especial, em Minas Gerais.