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quinta-feira, 19 de julho de 2012

Nova Visita das Caminhantes da Estrada Real

CAMINHANTES DA ESTRADA REAL HOMENAGEIA MATIAS BARBOSA/MG
Primeira visita das Caminhantes da Estrada Real

Matias Barbosa(MG) originou-se a partir da primeira sesmaria doada ao fidalgo português Mathias Barboza da Silva nas margens do Caminho Novo recebeu no dia 1º de julho de 2012 pela segunda vez a Associação das Caminhantes da Estrada Real. Esta segunda visita foi muito especial pois as Caminhantes da Estrada Real entregou então professor Ricardo Sartine uma placa de homenageando a cidade e a passagem das Caminhantes pelo município. A confraternização e entrega da placa ocorreu na Cabana Matiense onde no passado era Caminho Novo.
Entrega da Placa ao professor Ricardo Sartine
Confraternização na Cabana Cipriani

Os diversos caminhos deveram origem ao estado de Minas na busca por ouro, diamante e pedras preciosas; através das bandeiras de Fernão Dias, Bartolomeu Bueno da Silva, Borba Gato, dentre outros ilustres exploradores do Brasil ainda colônia de Portugal, abrindo caminhos entre montanhas. Nessa busca surgiu a Estrada Real compreendendo 1.630 km, passando por 199 municípios, sendo 169 no Estado de Minas Gerais, 22 no Estado de São Paulo e 8 no Estado do Rio de Janeiro.

Secretário de Cultura Ricardo Sartine e Turismo e Diretoria da ACER
          Ao longo dos séculos, a Estrada Real perdeu importância. É preciso redescobri-la, trazer à tona o passado glorioso, valores e o modo de viver das pessoas ao longo deste caminho. Pensando assim, o Governo de Minas juntamente com a Fiemg lançaram o Instituto Estrada Real. Com esse mesmo propósito Beth Pimenta e Dalva Thomaz, em 2003, decidiram convidar umas amigas (20) do Colégio Interno de Conceição do Mato Dentro, para fazerem este percurso (ER), e partiram de Bom Jesus do Amparo em direção a Conceição do Mato Dentro.
Professor Ricardo Sartine e Turismo e Diretoria da ACER

            Assim nasceu a ACER- Associação das Caminhantes da Estrada Real- uma entidade sem fins lucrativos que promove, realiza e coordena caminhadas com grupo de (80) mulheres, empresárias, mestras e doutoras, políticas, juízas, arquitetas e jornalistas, enfermeiras, no roteiro da Estrada Real, sempre estimulando o desenvolvimento das comunidades visitadas, atuando nas áreas de cultura, educação, meio ambiente, turismo e promovendo ações destinadas à preservação e valorização dos patrimônios históricos, artísticos e socioambientais.
 Primeira visita em Matias Barbosa, Casa do Artesão
Visita ao Espaço Século XVIII
 Escadaria de acesso a Capela de Nossa Senhora do Rosário,
Patrimônio Histórico Nacional
Vista da Capela de Nossa Senhora do Rosário, a partir do adro
      
    A Associação das Caminhantes abraça o projeto “Arvore é Vida” Idealizado pela BPW (International Federation of Business and Professional Women), registrado na ONU e presente em 90 países. O foco principal nesse projeto é o plantio de arvore nativas na região limítrofe e de influência da Estrada Real. Além de proporcionar a recomposição e ampliação vegetal em áreas desnudas e de APP (topo de morro, margens de rios e córregos, proteção de nascentes), as árvores em pontos estratégicos formarão alamedas e bosques, ampliando os atrativos turísticos nesse patrimônio do turismo nacional.


"Este grupo não será desfeito, porque veio para sempre, solificado em todos os corações nesta estrada que é a Estrada da Esperança".



Objetivos da Associação das Caminhantes da Estrada Real:

I - Promover caminhadas na Estrada Real, ou em qualquer outro roteiro;

II - Atuar nas áreas de cultura, meio ambiente e desenvolvimento sustentável, educação, turismo, saúde e ação social nas comunidades visitadas;

III - Estimular a melhoria das condições de vida das comunidades nos roteiros das caminhadas;

IV - Apoiar e incentivar a cultura, os valores e modos de vida dessas comunidades;

V - Promover ações visando a preservação e valorização de patrimônios históricos, arquitetônicos, artísticos e paisagísticos localizados nessas comunidades.

 Relógio do Sol em Pedra Sabão, réplica da cidade de Tiradentes, localizado no
adro da Capela de Nossa Senhora do Rosário
 Interior da Capela de Nossa Senhora do Rosário
Exibição do curta sobre o Encontro de Folia de Reis em Matias Barbosa (cine estação)
            Toda a comunidade matiense parabeniza a iniciativa das Caminhantes da Estrada Real e deseja lhes muito sucesso e saúde nesta jornada pelos antigos caminhos de Minas, Rio e São Paulo.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Simbolos da Estrada de Rodagem União e Indústria




Brasão Comemorativo dos 150 anos da

Estrada União & Indústria (1861-2011)

DESCRIÇÃO

1 – O Escudo: Escudo português ou ibérico, de uso predominante na heráldica de Domínio no Brasil, evocar nossas remotas origens lusitanas contendo os seguintes elementos:

1.1 – Chefe (parte superior):

Sinople (azul) inicia-se com a serra do Taquaril simboliza a paisagem da terra fluminense e sobre onduladas montanhas da serra de Marmelos que simbolizam a paisagem da terra mineira.

1.2 – Campo Principal:

De goles, com as seguintes representações:

1.2.1 – Uma representação da simbólica das diversas Pontes da Estrada União & Indústria, de prata, em sua apresentação primitiva, (superestrutura de madeira) e os pilares em pedra (ainda os primitivos).

1.2.2 – Sobre a ponte uma Carruagem denominada Mazeppa, Petrópolis a Juiz de Fora, muito utilizada pela Cia União & Indústria, tirado por quatro cavalos.

1.2.3 – A Estrada União & Indústria é representada esquematicamente em uma única faixa onduladas de sable (negro) e prata.

1.3 – Ponta:

De sinople é representado pelas atuais bandeiras do Estado do Rio de Janeiro e do Estado de Minas Gerais.

2 – Elementos externos:

2.1 – Coroa de Dom Pedro II, Imperador do Brasil (1840-1889) responsável pela concessão para construção e exploração da Estrada União & Indústria pelo Comendador Mariano Procópio.

2.2 – Suportes: Ramos de café frutados e fumo, evocando a atividade econômica mais importante da região até o primeiro quartel do século XX.

2.3 – Listel de goles (marron), com as seguintes inscrições em

jalne (negro). À destra: 1861 – Ano em que foi inaugurada a Estrada União & Indústria. À senestra: 2011 – Ano em que completa a Estrada União & Indústria, 150 anos de inauguração, no tronco principal passando pelos municípios de Petrópolis, Areal, Três Rios, Comendador Levy Gsparian, Simão Pereira, Matias Barbosa e Juiz de Fora.

Centro: Estrada União & Indústria – O nome da Estrada.

OBSERVAÇÃO: Para fins de impressão, as cores ouro e prata podem ser substituídas por amarelo e branco, respectivamente. A coroa mural pode ser representada em tonalidade cinza-claro.

Concepção Ricardo Sartine Fernandes de Oliveira

Desenho: Mario Cleber Pereira da Silva.








Conhecendo dos Bens Tombados de Matias Barbosa: Presidente Getúlio Vargas


Busto do Presidente Getúlio Vargas



Ano do Tombamento – 2007

Tombamento Municipal – Decreto nº 1.349 de 05 de março de 2007.



Monumentos

Busto de Getúlio Vargas.



Localização

Praça da Bandeira, s/n.



Bairro

Centro.



Custo da Construção

Indeterminado.



Período de Construção

Ano de 1958.



Técnico Responsável pela Construção

Indeterminado.



Histórico da Edificação

Getúlio Vargas visitou o município de Matias Barbosa, em 1934, 1935, 1936 e 1937, pois era amigo da família do Dr. João Rezende Tostes, proprietário da Fazenda São Matheus, que por diversas outras vezes transformou a fazenda em Palácio Presidencial, com guarda de honra e outros aparatos. A iniciativa da colocação do busto de Getúlio Vargas em Matias Barbosa foi dos matienses getulistas. A inauguração se deu em 19 de abril de 1958.



Descrição da Edificação

O busto em bronze, do Presidente Getúlio Vargas, localiza-se sobre uma base retangular de concreto em granito cinza.



Técnicas Construtivas Predominantes

Bronze fundido em molde de gesso.






















Símbolos de Matias Barbosa: Brasão


BRASÃO DO MUNICÍPIO DE MATIAS BARBOSA.

DESCRIÇÃO

1 – O Escudo:
Escudo português ou ibérico, de uso predominante na heráldica de Domínio no Brasil, evocar nossas remotas origens lusitanas contendo os seguintes elementos:
1.1 – Chefe (parte superior):
Sobre onduladas montanhas de Sinople (verde), que simbolizam a paisagem da terra mineira, observa-se:
1.1.1 - Uma faixa de jalne (ouro) evocando o Caminho Novo, primeira via de penetração que passou pela região onde selocaliza o Município, para a ligação entre o Rio de Janeiro e as regiões de mineração. A faixa estreita-se quando atinge a Capela de N. S. Da Conceição do Registro do Caminho Novo, lembrando o Registro que existia na fazenda de Manuel do Vale Amado, ponto de parada obrigatória para fiscalização. Em 1781 foi concedida a Tiradentes a patente de Comandante da Patrulha do Caminho Novo, por três anos.
1.1.2 – No centro, uma reprodução da fachada da capela antes mencionada, único e último testemunho do século XVIII na área, posto que construída em 1777. Nela fizeram suas orações os inconfidentes que passavam pelo local, aprisionados, em sua viagem para o Rio de Janeiro. Na ocasião o inconfidente Coronel Francisco de Paula Freire de Andrade, agradecendo a hospedagem e oportunidade de orarem na capela.
1.1.3 – À destra, um escudete de prata carregado de um gibão de bandeirante de goles (vermelho), em homenagem aos bandeirantes abriu a picada do Caminho Novo.
1.1.4 – À senestra, um escudete de prata carregado de um triângulo de goles (vermelho) evocando a figura de Tiradentes, que possuía três fazendas na região onde hoje se localiza o Município, assim como os inconfidentes pernoitaram na Fazenda de Manuel do Vale Amado e fizeram suas orações na capela.
1.2 – Campo Principal:
De goles, com as seguintes representações:
1.2.1 – Uma representação da Ponte do Zamba, de prata, em sua apresentação primitiva, ( superestrutura de madeira ) e os pilares em pedra ( ainda os primitivos). A escolha desta se deve aos seguintes motivos:
Foi construída para a Estrada do Paraibuna, por Henrique Guilherme Fernando Halfeld.
Foi aproveitada pela estrada União e indústria em seu trajeto, empreendimento de Mariano Procópio Ferreira Lage. Sendo assim, a Ponte do Zamba sintetiza duas das três estradas que contribuíram para o progresso da região. A outra seria o Caminho Novo, já mencionado.
1.2.2 – Sobre a ponte um carroção para transporte de café da Cia União Indústria, tirado por duas mulas, todo o conjunto em jalne (ouro) por ter sido o café a principal riqueza da região, o “ouro verde”, sendo os sacos de café representados na sua cor.
1.2.3 – O Rio Paraibuna é representado esquematicamente em faixas onduladas de sable (negro) e prata. É sabido que o vocábulo indígena Paraibuna (para + iwa + uma), segundo Antenor Nascentes, significa “rio imprestável e escuro” ou “negro”. Sua importância vincula-se á sua utilização como via de penetração dos bandeirantes, roteiro do Caminho Novo, da Rodovia União e Indústria, da Estrada do Paraibuna e da Estrada de Ferro D. Pedro II.
1.3 – Ponta:
De sinople (verde), carregado de uma cabeça de gado vacum em prata, ladeada de 2 espigas de milho granadas de jalne (ouro). O conjunto simboliza a economia agro-pastoril do município, onde a terra verdejante, irrigada pelas águas do Paraibuna, propicia a agricultura e a pecuária.

2 – Elementos externos:
2.1 – Coroa mural de prata, de oito torres, sendo cinco aparentes, símbolo heráldico dos municípios com categoria de cidades. Forrada de goles, mostra pelas portas abertas a vocação da cidade em acolher a todos os que buscam abrigo e segurança.
2.2 – Suportes: Ramos de café frutados, evocando a atividade econômica mais importante da região até este século.
2.3 – Listel de goles (vermelho), com as seguintes inscrições em
jalne (ouro). À destra: 1709 – Ano em que Matias Barbosa recebeu a sesmaria que corresponde no território onde hoje se situa cidade e lhe dá o nome. À senestra: 1923 – Emancipação do município, 7/9/1923, separando-se de Juiz de Fora.
Centro: Matias Barbosa – O nome do Município.

OBSERVAÇÃO:Para fins de impressão, as cores ouro e prata podem ser substituídas por amarelo e branco, respectivamente. A coroa mural pode ser representada em tonalidade cinza-claro. Concepção e desenho: Professor Newton Barbosa de Castro

Lei nº 663 de 21 de setembro de 2001 – Dispõe sobre a forma e apresentação do símbolo, brasão e bandeira do município de Matias Barbosa, revoga a Lei nº 240 de 27 de março de 1986 dá outras providências.


domingo, 24 de junho de 2012

História do Jardim do Mina/Matias Barbosa/MG - Bem Imaterial


História do Jardim do Mina/Matias Barbosa/MG

Bem Imaterial

 Fogueira do dia 23/06/2012
Vista parcial da cidade de Matias Barbosa
O Jardim do Mina é uma região da zona rural de Matias Barbosa. É uma área de produção agrícola e também de minas de extração de caulim e cristal. Segundo os moradores da localidade, antes de ser denominada Jardim do Mina, o lugar era conhecido como colônia por causa dos italianos que ali moravam. Já o nome Jardim do Mina viria da presença das minas e o termo jardim estaria relacionado à presença de pomares e plantações de hortaliças. Não sabemos se existe mesmo uma correlação do nome do local com as atividades econômicas nele exercidas, mas essa é a crença vigente. Em relação ao nome colônia está relacionada a imigrantes. A parte baixa do Jardim do Mina era conhecida como Goiabal porque havia diversos pés de goiaba em todo a baixada. No alto, encontram-se as minas e era conhecido como Jardim do Mina.

A região do Jardim do Mina era o lugar onde moraram os italianos que chegaram a Matias Barbosa para trabalharem na lavoura de café. No último quartel do século XIX, cafeicultores contrataram italianos em substituição da mão-de-obra escrava, processo que vinha acontecendo mesmo antes da abolição. Nos anos de 1880, o fluxo de italianos para Minas Gerais trouxe cerca de setenta mil imigrantes ao Estado que foram especialmente para Juiz de Fora e São João Del Rey. Matias Barbosa está na região de Juiz de Fora e recebeu inúmeros imigrantes que se fixaram no Jardim do Mina, local conhecido como Colônia. Pela atual distribuição das terras do Jardim do Mina, os italianos acabaram comprando pequenos sítios para viverem e plantarem.

As terras do Jardim do Mina que pertenciam ao Cel. Otávio foram divididas entre seus filhos quando ele faleceu e se transformaram em pequenas propriedades. A casa da fazenda fica ao lado da Capela de Santo Expedito e ficou para o Sr. Júlio Maria de Almeida. Ele era casado com D. Luzia que ajudou a construir a capela doando o terreno e pedindo esmolas para a comunidade. Ainda no século XX, a região explorava as minas de caulim e cristais, mas a política de meio ambiente embargou a mineração, proibindo a extração do mineral da terra. Isso diminuiu muito a população da localidade que se mudou para a cidade de Matias Barbosa. Além disso, houve um êxodo das pessoas do lugar para a cidade o que também influenciou na diminuição da produção de hortaliças que alimentavam o mercado de Juiz de Fora.

Atualmente, o Jardim do Mina fornece poucos víveres para o mercado das cidades de Matias Barbosa e Juiz de Fora. Sua população diminuiu muito por causa da facilidade de transporte entre Matias Barbosa e Juiz de Fora, o que leva muitas famílias a se estabelecerem na cidade e trabalharem e estudarem em Juiz de Fora. Apesar desse quadro de urbanização ocasionado pelo crescimento e desenvolvimento de Juiz de Fora, a região ainda mantém suas tradições e realiza todo ano a Festa da Fogueira, ou festa de São João, e a de Santo Expedito, padroeiro da capela local.



A Capela de Santo Expedito

 Interior da Capela de Santo Expedito - Jardim do Mina

A Capela de Santo Expedito foi construída pela comunidade com o apoio de D. Luzia de Macedo Almeida e seu esposo, Sr. Júlio Maria de Almeida. Antes do templo, os fiéis da comunidade se reuniam na casa do Sr. Antônio Pigozzo. Depois disso, eles construíram um cruzeiro no alto do morro, onde os fiéis se reuniam para rezar o terço. Esse cruzeiro ficava no mesmo lugar que o atual, mas ele era todo de madeira. As terras eram do Sr. Júlio Maria de Almeida e D. Luzia de Macedo Almeida. O casal, muito devoto, resolveu doar um terreno para a construção da capela, mas não haviam decidido onde. O mascate, Sr. Sebastião Bezerra, viu a dúvida de D. Luzia e apontou o alto do morro, onde fica a capela, para que lá fosse erguida a igreja e disse que traria a imagem do padroeiro – Santo Expedito. Cada família do Jardim do Mina ofereceu uma imagem que compõe o acervo da capela. D. Luzia e seu marido doaram o terreno e os construtores foram os Srs. Ângelo Luiz Pigozzo, Antônio Meroto, João Armindo Thomaz e Joaquim Clemente. O engenheiro responsável pela obra foi o Dr. Odilon Pereira de Andrade. A comunidade realizou festas para angariar mais recursos para a construção da igrejinha e, em 19 de abril de 1958, a obra foi inaugurada. Até aquele dia, ninguém tinha ouvido falar de Santo Expedito, mas pouco tempo depois, os fiéis do Jardim do Mina já estavam devotos do santo. Ele é conhecido como o santo das causas justas e urgentes. Foi um comandante romano que se converteu ao cristianismo e foi morto pelo Imperador Diocleciano em 19 de abril de 303 d. C., mesmo depois de ganhar uma importante batalha para o Império Romano. Foi cruelmente assassinado e teve seu corpo mutilado. É um santo mártir.

A fé em Santo Expedito se espalhou pelo Jardim do Mina e a comunidade faz anualmente uma enorme festa em honra ao santo que reúne inúmeros fiéis. A festa de Santo Expedito é considerada a festa financeira da capela cuja data de celebração nem sempre coincide com o dia do santo porque os festeiros marcam a data para uma noite de lua cheia.

Muitas vezes, ela é feita no início do mês para que os participantes gastem mais nas barraquinhas e a igreja arrecade maior quantidade de dinheiro. Com esses valores, a comunidade pode melhorar a capela e construir um grande salão de festas com cozinha e banheiros e garantindo mais conforto para os participantes das festas da capela do Jardim do Mina.

A partir de 1992, a capela passou a sediar a festa de fogueira que tomou proporções tão grandes quanto a festa do padroeiro. A capela fica num local privilegiado, no alto de um morro, e pode ser avistada de quase todo o Jardim do Mina. Nos dias de festa e de missa, a responsável pela chave da capela, D. Maria Tereza, conhecida como D. Mariinha, acende as luzes que são vistas ao longe e os moradores da comunidade ficam sabendo que há orações na capela.



Festa da Fogueira em Matias Barbosa
Momento antes da passagem dos fiéis na fogueira de São João
Em Matias Barbosa, não sabemos se os moradores da localidade realizavam a celebração do dia de São João antes da segunda metade do século XX, mas provavelmente o santo era homenageado em seu dia, já que a tradição dessa festa é bem difundida em toda Minas Gerais e Brasil. Nos anos de 1950, a festa propriamente dita começou a ser comemorada no Jardim do Mina, zona rural do município de Matias Barbosa. Ela era feita pelo Sr. João Belmiro em suas terras. Ele morava em um sítio no Jardim do Mina com sua família e plantava hortaliças que eram vendidas em caminhões na cidade próxima de Juiz de Fora. Era casado com D. Emengarda Belmiro e teve vários filhos: Oscar Belmiro, Gabriel Belmiro, José Maurício Belmiro, Guri Belmiro, Isaíra Belmiro e Neném Belmiro. O Sr. João Belmiro fazia a festa nas noites do santo. Armava a fogueira à tardinha do dia 23 e atravessava as brasas à meia noite do dia de São João. O Sr. Belmiro já faleceu e não sabemos de onde ele trouxe o costume de comemorar o dia de São João. A atual festa da fogueira acontece porque suas práticas foram aprendidas pelo Sr. Vicente que participava do evento realizado pelo Sr. Belmiro. Ele passou pela fogueira pela primeira vez aos treze anos de idade e se encantou com a prática e com o ato de fé a ela associado.

A festa da fogueira feita pelo Sr. Belmiro durou até a década de 1960 quando ele vendeu parte de seu sítio para o sogro do Sr. Vicente, o Sr. José  Paschalini, e se mudou do Jardim do Mina. O desejo de manter a tradição foi mais forte e, nos anos de 1970, o Sr. Vicente resolveu refazer o ritual. Chamou seus cunhados e organizaram a festa da fogueira no sítio do Sr. Paschalini. A celebração era feita em terras particulares, mas a população do Jardim do Mina, que naqueles era maior que a atual, ia em peso para o evento. Ela continuou nas terras do Sr. Paschalini até 1992 quando passou a ser realizada no terreno ao lado da igreja de Santo Expedito, pertencente ao Sr. Onofre Otávio de Almeida, mas que se assemelha a um largo da capela.

As festas foram realizadas normalmente todos os anos, sem maiores questões que as diferenciasse da tradição. Uma missa antes de começar o show da banda de forro e da quadrilha. Em geral, cerca de dez a vinte pessoas passavam anualmente pelas brasas e outras tantas, cerca de cem a duzentos, participavam no evento festivo. Nesse dia, cerca de vinte pessoas passaram pela fogueira e manifestaram sua fé em São João. Apenas dois fiéis se cumprimentaram no meio das brasas como era de costume antigamente.

Em 2009, foi filmada pela Prefeitura de Matias Barbosa com o intuito de registrar a importante manifestação do Jardim do Mina e no ano de 2011 a Festa foi registrada como Bem Imaterial através do Decreto Municipal, nº1643 de 06 de janeiro de 2011.



A festa

A festa acontece na noite de 23 para 24 de junho, dia de São João. Segundo D. Mariinha, o Sr. Vicente se reúne com seus filhos ou irmãos e ele cortam uma enorme árvore cuja madeira vai ser queimada na fogueira de São João. Isso é feito algum tempo antes da festa, podendo ser até um mês antes, para que a madeira fique seca e queime facilmente. Uma semana antes os organizadores da festa começam a conseguir doações para fazer a canjica e os cachorros-quente que serão servidos de graça para os participantes. Além desses alimentos, cada participante chega à festa com garrafas de refrigerante e pratos de salgado ou doce que serão oferecidos junto com a canjica e os sanduíches.

No dia da festa, de manhã ou à tarde, o Sr. Vicente ajeita a madeira moldando a fogueira que tem o aspecto de um cone. Nos últimos dois anos, a festa foi filmada e os participantes deram entrevistas falando sobre suas impressões acerca do evento e seus testemunhos de fé.

Por volta das 18 horas, o Sr. Vicente acende o fogo e dá-se início à festa. Nessa hora, o largo da igreja ainda não está cheio e apenas os fiéis mais fervorosos aparecem para a celebração da missa que acontece assim que o padre chega da matriz de Matias Barbosa, logo depois de acesa a fogueira, entre as 18:00 e 19:30.

Os padres responsáveis pela celebração da missa são os mesmo da paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Matias Barbosa. Eles celebram os ritos católicos e membros da comunidade do Jardim do Mina lêem palavras sobre São João Batista e trechos da bíblia, além de entoarem cânticos em honra ao santo. A missa é realizada no salão da Capela porque a mesma é muito pequena e não cabem todos os fiéis que comparecem para a festa.      Segundo o Sr. Vicente, a missa atrai apenas alguns devotos que, em geral, são da própria comunidade, mas após a celebração, outros participantes chegam para festa.

Após a missa, a banda de forró começa a montar os instrumentos para iniciar o show. Eles animam a festa e alguns casais dançam ao som da música regional. Enquanto a banda toca, os voluntários vão para a cozinha e iniciam a partilha dos refrigerantes, salgados, sanduíches e a canjica. Não há bebida alcoólica a não ser por algumas garrafas de destilados que alguns participantes levam, mas em respeito à festa, eles ficam no estacionamento e não entram com as garrafas no salão. A comida é servida no balcão é não é cobrada, sendo assim ocorre à partilha entre todos os presentes.

Depois de servido o lanche, os participantes vão dançar quadrilha, a dança típica das festas juninas e que é uma adaptação das danças da corte francesa dos séculos XVII e XVIII. Nessa hora, todos os presentes se juntam em uma enorme roda e brincam aos pares.

Quando não há homens e mulheres na mesma quantidade, mulheres e mulheres dançam juntas. Enquanto a festa acontece no salão da capela de Santo Expedito, outros participantes ficam do lado de fora, sentindo o frio do inverno que se inicia e o calor das chamas da fogueira.

Por volta de dez minutos para a meia noite, os participantes se reúnem em torno da fogueira. O Sr. Vicente tira as toras de madeira que ainda não se tornaram brasas e espalha as brasas que se formaram. Segundo o Sr. Vicente, à meia noite, o “fogo fica mais fraco” e as águas diminuem. A crença na diminuição da intensidade do fogo e das águas é uma constante no imaginário em torno da festa de São João e é por essa característica da noite de São João que possibilita a passagem na fogueira.

Depois de reunido o público e ajeitadas as brasas, aqueles que têm coragem e fé para atravessar as brasas, tiram os sapatos. Todos rezam um Pai Nosso e uma Ave Maria e esperam até dar o horário de meia noite em ponto. Nessa hora, eles se posicionam e passam pelas brasas em fila indiana, um pé na frente do outro e olhando para frente. É um exercício de fé para esses homens e mulheres.

Os observadores ficam impressionados com a coragem dos fiéis em São João que pisam descalços nas brasas da fogueira. Depois de passarem sobre as brasas, eles mostram os pés para aqueles que ficaram de fora apenas vendo o ritual. Esse ato é feito com orgulho porque seus pés sem queimaduras  representam o símbolo de sua fé no santo. O fogo da festa de São João tem um caráter sagrado e sua transposição tem o sentido de prêmio diante da fé e da coragem. A hora de transpor as brasas é considerado pelos fiéis uma vivência sagrada, um vínculo com a divindade. Naquele momento as pessoas se redimiam de sua vida de pecado e demonstravam sua crença e fé. Após o ritual de atravessar as brasas, o público se dispersa e do local se esvazia. A partir daí, os organizadores da festa começam a guardar as comidas que sobraram e a limpar a área. Com o fim da festa, o rito cíclico retorna e no outro ano os participantes se preparam para outro ritual de renovação de fé e passagem da fogueira.

 Os fiéis se preparando para caminhada sobre as brasas




Festa da Fogueira: Bem Imaterial de Matias Barbosa

O registro do bem imaterial a Festa da Fogueira, sendo uma manifestação cultural e religiosa que envolve toda comunidade do Jardim do Mina e do município de Matias Barbosa. 
            Sua a fundamentação de base cultural e religiosa se remonta das antigas tradições pré-cristãs européias. A Festa de João, celebrada em 23 de junho para os cristãos, coincide com a chegada do verão no hemisfério norte e do inverno no hemisfério sul. Foi implantada no Brasil pelos portugueses no período colonial. O costume de celebrar a chegada da estação, associada à fé no santo precursor de Cristo, que engendrou inúmeros ritos marcados pelo acender de uma fogueira e seu transpor pelos fiéis.

O registro do bem imaterial Festa da Fogueira a nível municipal do perímetro que contempla a Capela de Santo Expedito, justifica-se por sua manifestação cultural e religiosa de indiscutível valor histórico imaterial, onde inúmeros fiéis e curiosos se reúnem pra celebrar juntos o nascimento do precursor de Cristo, São João Batista, fazendo parte da identidade dos moradores do Jardim do Mina e de Matias Barbosa.
Decreto Municipal - Festa da Fogueira como Bem Imaterial Municipal

quinta-feira, 21 de junho de 2012

4º Festival Nacional de Dança de Juiz de Fora/MG


4º Festival Nacional de Dança de Juiz de Fora/MG



Nos próximos dias entre 27 de junho a 4 de julho a cidade de Juiz de ForaMG estará realizando o 4º Festival Nacional de Dança, serão mais de 20 apresentações de forma a possibilitar os juizforanos e toda a região de participar e conferir a extensa programação gratuita com debates, mostra de cinema e oficinas.


Durante os eventos troque seu ingresso por um livro de literatura em bom estado
Funalfa - Avenida Barão do Rio Branco, 2.234, Centro, Juiz de Fora (MG) - Parque Halfeld, de 9h às 17h.



Parabéns para os organizadores pela belíssima iniciativa e sucesso durante todo o evento.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Literatura de Cordel na Biblioteca Nacional


Literatura de Cordel na Biblioteca Nacional

 
Cartaz da Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro/RJ
Saiba um pouco mais sobre a literatura de cordel

O que é e origem

A literatura de cordel é uma espécie de poesia popular que é impressa e divulgada em folhetos ilustrados com o processo de xilogravura. Também são utilizadas desenhos e clichês zincografados. Ganhou este nome, pois, em Portugal, eram expostos ao povo amarrados em cordões, estendidos em pequenas lojas de mercados populares ou até mesmo nas ruas.

Chegada ao Brasil

A literatura de cordel chegou ao Brasil no século XVIII, através dos portugueses. Aos poucos, foi se tornando cada vez mais popular. Nos dias de hoje, podemos encontrar este tipo de literatura, principalmente na região Nordeste do Brasil. Ainda são vendidos em lonas ou malas estendidas em feiras populares.

De custo baixo, geralmente estes pequenos livros são vendidos pelos próprios autores. Fazem grande sucesso em estados como Pernambuco, Ceará, Alagoas, Paraíba e Bahia. Este sucesso ocorre em função do preço baixo, do tom humorístico de muitos deles e também por retratarem fatos da vida cotidiana da cidade ou da região. Os principais assuntos retratados nos livretos são: festas, política, secas, disputas, brigas, milagres, vida dos cangaceiros, atos de heroísmo, milagres, morte de personalidades etc.

Em algumas situações, estes poemas são acompanhados de violas e recitados em praças com a presença do público.

Um dos poetas da literatura de cordel que fez mais sucesso até hoje foi Leandro Gomes de Barros (1865-1918). Acredita-se que ele tenha escrito mais de mil folhetos. Mais recentes, podemos citar os poetas José Alves Sobrinho, Homero do Rego Barros, Patativa do Assaré (Antônio Gonçalves da Silva), Téo Azevedo. Zé Melancia, Zé Vicente, José Pacheco da Rosa, Gonçalo Ferreira da Silva, Chico Traíra, João de Cristo Rei e Ignácio da Catingueira.

Vários escritores nordestinos foram influenciados pela literatura de cordel. Dentre eles podemos citar: João Cabral de Melo, Ariano Suassuna, José Lins do Rego e Guimarães Rosa.

Poética do cordel:

- Quadra: estrofe de quatro versos.
- Sextilha: estrofe de seis versos.
- Septilha: é a mais rara, pois é composta por sete versos.
- Oitava: estrofe de oito versos.
- Quadrão: os três primeiros versos rimam entre si; o quarto com o oitavo, e o quinto, o sexto e o sétimo também entre si.
- Décima: estrofe de dez versos.
- Martelo: estrofes formadas por decassílabos (comuns em desafios e versos heróicos).

Literatura Oral

Faz parte da literatura oral os mitos, lendas, contos e provérbios que são transmitidos oralmente de geração para geração. Geralmente, não se conhece os autores reais deste tipo de literatura e, acredita-se, que muitas destas estórias são modificadas com o passar do tempo. Muitas vezes, encontramos o mesmo conto ou lenda com características diferentes em regiões diferentes do Brasil. A literatura oral é considerada uma importante fonte de memória popular e revela o imaginário do tempo e espaço onde foi criada.

Muitos historiadores e antropólogos estudam este tipo de literatura com o objetivo de buscarem informações preciosas sobre a cultura e a história de uma época. Em meio a ficção, resgata-se dados sobre vestimentas, crenças, comportamentos, objetos, linguagem, arquitetura etc.

Podemos considerar como sendo literatura oral os cantos, encenações e textos populares que são representados nos folguedos.

Exemplos de mitos, lendas e folclore brasileiro:saci-pererê, curupira, boto cor de rosa, caipota, Iara, boitatá,
lobisomem, mula-sem-cabeça, negrinho do pastoreiro.


Em Matias Barbosa/MG, na Biblioteca Municipal “Dona Glorita” encontra-se os livros de cordel do escritor Fabio Sombra: A Caravana do Oriente: Uma história de Folia de Reis; A lenda do Violeiro Invejoso; Contos e Contas. O acesso para reserva na Biblioteca Municipal www.matiasbarbosa.mg.gov.br/biblivre

Para aprofundar o tema visite o site da Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC) www.ablc.com.br